A visão espírita sobre o Coronavírus.
Uma nova pandemia, conhecida como Coronavírus.
Marta Antunes Moura
A Doutrina Espírita ensina que a felicidade humana está na
razão direta do cumprimento da Lei de Deus, Lei Natural ou Lei da Natureza, que
“é eterna e imutável como o próprio Deus”1. O nosso desafio é, pois, conhecer
as leis divinas que, a despeito de estarem inscritas na consciência2, nem
sempre conseguimos identificá-las ou compreendê-las, em razão da nossa notória
imperfeição espiritual.
Essa imperfeição apresenta a dificuldade de ainda não
sabermos distinguir o bem do mal, cujo aprendizado somente é adquirido ao longo
das reencarnações sucessivas e dos subsequentes estágios no plano espiritual.
Desenvolvido o necessário discernimento entre o que é bom e o que é ruim, de
acordo com esta orientação: “O bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus, e o
mal é tudo o que dela se afasta […]”3, passamos a agir de acordo com os
princípios da moral, entendida como sendo “[…] a regra do bem proceder, isto é,
a distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da Lei de Deus. O homem
procede bem quando faz tudo pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de
Deus.” 4 Fazer tudo pelo bem dos outros é a linha mestra do aprendizado
intelecto-moral que impulsiona o ser imortal aos píncaros evolutivos. É a regra
de ouro, assim anunciada pelo Cristo: “Tudo aquilo, portanto, que quereis que
os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois essa é a Lei e os Profetas.” 5
Como os processos de melhoria espiritual exigem dedicação,
esforço e persistência, ou seja, “suor e lágrimas”, o grande empreendimento do
indivíduo transformar-se em pessoa melhor se faz por meio da superação das
provações existenciais, que se revelam cada vez mais desafiantes à medida que
surgem novos aprendizados. As provações fazem parte da caminhada evolutiva da
vida, que transcorre, naturalmente, nos dois planos existenciais, que lembram
uma corrida de superação de obstáculos. É, pois, equívoco acreditar que
ocorrências provacionais, como os flagelos destruidores, naturais ou
provocados, sejam catalogados como castigo ou punição divina. Quem assim pensa
tem de Deus uma ideia antropomórfica (forma ou características humanas – Dic.
Aurélio) e se fundamenta em preceitos teológicos arcaicos, visto que Deus, como
ensinou Jesus à samaritana, “Deus é Espírito, e aqueles que o adoram devem
adorá-lo em espírito e em verdade” (João, 4:24). É desse modo que Ele é nosso
Pai e Criador: “Deus é soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das
leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e essa sabedoria
não permite que se duvide nem da sua justiça, nem da sua bondade.” 6
As catástrofes e doenças que atingem a Humanidade ao longo
da história da civilização sempre resultaram (e resultam) em perdas e
sofrimentos de diferentes gradações. No momento atual, estamos, no planeta, sob
o peso de uma pandemia, o coronavírus. É comum, então, diz Allan Kardec,
ouvir-se a voz geral de que “[…] são chegados os tempos marcados por Deus, em
que grandes acontecimentos se vão dar para a regeneração da Humanidade. Em que
sentido se devem entender essas palavras proféticas? […].” 7 Indaga ele, que
prossegue em suas análises ao afirmar:
Tudo é harmonia na Criação; tudo revela uma previdência que
não se desmente nem nas menores, nem nas maiores coisas. Temos, pois, que
afastar, desde logo, toda ideia de capricho, por ser inconciliável com a
Sabedoria Divina. Em segundo lugar, se a nossa época está designada para a realização
de certas coisas, é que estas têm uma razão de ser na marcha do conjunto. 8
O Codificador complementa as suas sábias ideias com estas
ponderações:
Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que
existe, está submetido à lei do progresso. Ele progride fisicamente, pela
transformação dos elementos que o compõem, e moralmente, pela depuração dos
Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois progressos se
realizam paralelamente, visto que a perfeição da habitação guarda relação com a
do habitante. Fisicamente, o globo terrestre tem sofrido transformações que a
Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada
vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento
da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo
que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens
concorrem para isso pelos esforços da sua inteligência. Saneiam as regiões
insalubres, tornam mais fáceis as comunicações e mais produtiva a terra. 9
As enfermidades e as catástrofes ambientais ─ terremotos e
maremotos, ciclones e furações, tempestades e enchentes, seguidas de secas
severas, deslocamento de placas tectônicas e geleiras, ataques de meteoros e
meteoritos, são cometimentos usuais. Não restam dúvidas de que são ocorrências
de caráter verdadeiramente destruidor, ceifando milhões de vidas, mas que, com
o desenvolvimento da inteligência e da moralidade, serão cada vez mais
amenizadas.
O caráter avassalador das doenças manifesta-se sob três
aspectos: pandêmico, epidêmico e endêmico. Diz-se pandemia quando uma doença
infecciosa se espalha por diversas localidades do mundo, atingindo países e
continentes.10 Exemplo: O coronavírus, cujo agente infeccioso é um vírus
denominado Covid-19 em que Covid= Corona Virus Disease (doença do coronavírus),
enquanto 19 se refere ao ano de 2019, quando os primeiros casos ocorridos em
Wuhan, na China, foram divulgados publicamente pelo governo chinês, no final de
dezembro. O vírus é SARS-CoV-2 (um coronavírus). Epidemia indica ocorrência de
doença em área geográfica mais circunscrita. “O número de casos que indica a
existência de uma epidemia varia com o agente infeccioso, o tamanho e as
características da população exposta, sua experiência prévia ou falta de
exposição à enfermidade e o local e época do ano em que ocorre.”11 Exemplo:
Dengue é uma doença epidêmica no Brasil, de predominante ocorrência nos meses
de verão, provocava por um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes
aegypti. Endemia, por sua vez, “é a presença continua de uma enfermidade ou de
um agente infeccioso em uma zona geográfica determinada.” 12 Exemplo: malária,
cujo agente infecioso é um parasito da família Plasmodium. A Região Amazônica
brasileira é considerada a área endêmica do país para malária, com 99% dos
casos autóctones.
Uma pandemia acontece quando ocorre a associação de três
fatores: a) aparecimento de uma nova doença ou variedade (mutação) da forma de
uma doença se expressar); b) o agente possui elevado poder de virulência –
refere-se à gravidade de uma doença ocasionada por um agente infeccioso; c) o
agente infectante apresenta elevado poder de transmissão entre os humanos. É o
caso da Covid-19.
Cientistas, acadêmicos e profissionais da saúde se unem no
mundo inteiro, cada vez mais, em busca de soluções contra as enfermidades
infeciosas e transmissíveis que, se antes demoravam décadas para serem
solucionadas ou administradas, agora as pesquisas e soluções alcançam meses.
Ante esse esforço comum, muitas doenças graves são controladas ou até
erradicadas. A varíola, por exemplo, popularmente conhecida como “bixiga”, foi
erradicada do planeta desde 1980, com a campanha de vacinação em massa.
Entretanto, a doença atormentou a Humanidade por mais de três milênios. A
cólera, outra doença persistente em vários países teve uma ação epidêmica em
1817, matando centenas de milhares de pessoas. É doença provocada pela bactéria
Vibrio cholerae, que retornou com força no final do século passado sendo, porém,
logo contida. Da mesma forma, a peste bubônica, uma doença que ocorre desde a
Antiguidade, ainda persiste nos dias atuais, pois o agente etiológico, a
bactéria Yersinia pestis, sofre mutações ocasionais. Acredita-se que 40 a 50
milhões de pessoas tenham morrido no mundo da pandemia da gripe espanhola,
provocada pelo vírus da influenza que, entre 1918-1920 teria infectado 500
milhões de pessoas, um quarto da população mundial, aproximadamente. A despeito
dos intensos esforços dos cientistas, e no Brasil se destaca o notável trabalho
do médico Carlos Chagas, a vacina só foi produzida em 1944.
Essa visão panorâmica dos processos de melhoria espiritual
que o ser humano enfrenta, em decorrência de tragédias e catástrofes que
atingem a Humanidade, é consequência natural da Lei do progresso, que o faz
evoluir intelectual e moralmente. Nada tem de punitivo nem reflete “ação
demoníaca” como querem certas interpretações religiosas, que chegam até em
falar no juízo final, perante o qual os habitantes da Terra serão submetidos a
um último julgamento (juízo final ou fim do mundo), caracterizado pela
separação “dos bodes e das ovelhas” (Mateus, 25:31-46). Trata-se , obviamente,
de metáfora que indica o resultado das mudanças que a Humanidade terrestre
vivencia durante a era da transição, necessárias para que possa viver em outro
nível evolutivo, o da era da regeneração, cujo lema será “um só rebanho e um só
pastor” (João, 10:10) e apenas uma bandeira estará tremulando em todas as
regiões da Terra: Fora da caridade não há salvação.
Emmanuel esclarece que é “possível, porém, avançar mais
longe, além da letra e acima do problema circunstancial de lugar e tempo.
Mobilizemos nossa interpretação espiritual” 13, instrui o solícito benfeitor. O
momento atual exige de cada um de nós uma certa dose de reflexão e
discernimento, agindo com prudência no pensar, falar e agir, como também
aconselha Emmanuel:
É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já
se ligaram, definitivamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para
que nos instalemos em refúgios de paz e segurança.
A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção
nas criaturas que a seguem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou
na dificuldade, converte-se em martírio.
O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor
de caprichos satisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão. 14
O pensamento é força criadora. Se desejamos saúde, é
indispensável que nossos pensamentos sejam predominantemente saudáveis. Se
desejamos o bem, é imprescindível não somente falar no bem, mas pensar no bem e
agir no bem. Somente quando percebermos, em cada criatura humana,
verdadeiramente, nosso irmão ou irmã, estaremos imunizados contra as agressões
viróticas, que começam nos pensamentos em desarmonia. Cuidemos, sim, dos nossos
corpos, usando máscara ao sair de casa, lavando bem as mãos e rosto com sabão, higienizando
os objetos que tocarmos… Enfim, seguindo com rigor as recomendações dos
profissionais de saúde. Mas acima de tudo, mantenhamo-nos em paz e em harmonia
com todos os seres da criação, a começar pelo nosso próximo, reflexo do que
somos e do que lhe fazemos. E não nos esqueçamos, jamais, de que Deus, como Pai
amoroso, sempre age em prol do nosso bem, seus filhos imortais que vivem e
evoluem entre dois mundos, o físico e o espiritual.
Fonte: FEB
Comentários
Que o amor floresça sempre nas nossas vivências!
Um doce abracinho!
Megy Maia🌺😊🌺
Também tenho um blog espírita , no momento desatualizado. Preciso "reanimá-lo".
https://aquideribeiraopreto.blogspot.com/
Beijo de carinho.
bom ter vindo, juro!
Estou te seguindo, viu?!
Desculpe, acho que já falei
isso, mas não custa falar
novamente. Segue o meu
blog também, segue!