A Coleção de Porcelana. uma Fábula que valoriza a vida.


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Como ninguém foge de si mesmo, porquanto sempre estará onde se encontrem suas aspirações e necessidades, malgrado as fugas psicológicas e desmandos mentais, a consciência se firma e se agiganta, traçando as rotas de segurança com as realizações propostas pelo conhecimento e vividas pelo sentimento.
Por outro lado, narra antigo Koan que um príncipe chinês orgulhava-se de sua coleção de porcelana, de rara quão antiga procedência, constituída por doze pratos assinalados por grande beleza artística e decorativa.
Certo dia, o seu zelador, em momento infeliz, deixou que se quebrasse uma das peças. Tomando conhecimento do desastre e possuído pela fúria, o príncipe condenou à morte o dedicado servidor, que fora vítima de uma circunstância fortuita. A notícia tomou conta do Império, e, às vésperas da execução do desafortunado servidor, apresentou-se um sábio bastante idoso,
que se comprometeu devolver a ordem à coleção. Emocionado, o príncipe reuniu sua corte e aceitou a oferenda do venerando ancião. Este solicitou que fossem colocados todos os pratos restantes sobre uma toalha de alvinitente linho, bordada cuidadosamente, e os pedaços da preciosa porcelana fossem espalhados em volta do móvel. Atendido na sua solicitação, o sábio acercou-se da mesa e, num gesto inesperado, puxou a
toalha com as porcelanas preciosas, atirando-as bruscamente sobre o piso de mármore e arrebentando-as todas.
Ante o estupor que tomou conta do soberano e de sua corte, muito sereno, ele disse:
- Aí estão, senhor, todos iguais conforme prometi. Agora podeis mandar matar-me. Desde que essas porcelanas valem mais do que as vidas, e considerando-se que sou idoso e já vivi além do que deveria, sacrifico-me em benefício dos que irão morrer no futuro, quando cada uma dessas peças for quebrada. Assim, com a minha existência, pretendo salvar doze vidas, já que elas, diante desses objetos, nada valem.
Passado o choque, o príncipe, comovido, libertou o ancião e o servo, compreendendo que nada há mais precioso do que a vida em si mesma, particularmente a humana.
As lições mais severas, a vida oferece, convidando os indivíduos à reflexão.
Quando se adquire maturidade psicológica, embora se preservem bens materiais, valorizam-se mais aqueles que são do Espírito, da realidade perene, expressões elevadas da vida.
O que se possui de mais precioso é a oportunidade existencial, pois que ela enseja todas as outras ocorrências e conquistas, permanecendo como patrimônio inalienável do ser no seu percurso evolutivo.

Livro: Vida Desafios & Soluções – Joanna de Ângelis.

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