Julgamento das atitudes alheias.
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Por que, em
determinadas circunstâncias, agimos como implacáveis juízes da causa alheia, se
muitas vezes sentimos que as pessoas que nos cercam são incapazes de nos
compreender e nos julgar adequadamente? Por que somente nos é possível e válido
o autojulgamento? Por que nos custa compreender que, quando negativamente
criticamos alguém, nos obrigamos à adoção de um comportamento diferente,
justamente para não "errarmos" naquilo que temos por inconveniente no
outro?
Jesus asseverou:
Não
julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes,
sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também
Por que vês
tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu
próprio?
Ou como
dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro de teu olho, quando tens a trave
no teu?
Hipócrita!
Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o
argueiro do olho de teu irmão. (Mt
7:1-5) [1]
Muito embora
o Cristo também tenha ensinado que a verdadeira justiça repousa em Deus, em inúmeras
situações nos comportamos como juízes implacáveis da causa alheia. Assim, ao
avaliarmos os fatos e, principalmente, as pessoas, podemos rotulá-los como
certos ou errados, bons ou maus, simpáticos ou antipáticos, valorizando-os ou
desconsiderando-os, em conformidade com os conteúdos moral, emocional e
intelectual que, consciente e/ou inconscientemente, carregamos.
O Espírito
Francisco de Paula Vitor anota:
Como tem
sido difícil encontrar os indivíduos ocupados com seus compromissos sem se
perturbar com os compromissos dos outros!
Comumente,
deixa-se de atuar bem numa seara de responsabilidade pessoal para vigiar e
interferir na seara de responsabilidade alheia.
(...) Como é
fácil observar, grande número de almas vive mais preocupado em notar os outros
do que cuidar de si mesmo.
Percebemos,
sem embargo, que essa neurose geral de fiscalizar a vida e os compromissos dos
outros apenas diz respeito ao que é negativo, ao que se mostra equivocado, ao
que é imprestável ao progresso da pessoa.
São poucos
os que se aplicam ao bem por terem visto a dedicação ao bem de seus vizinhos.
(...) Por
mais que uma pessoa opine sobre a conduta de terceiros, interfira nas ações dos
outros ou altere a rota dos semelhantes, com ou sem acerto, não deverá esquecer
que a administração que lhe toca mais de perto, diretamente, é sobre a sua
própria existência no mundo. [2]
Na vida, só
é possível e válido o autojulgamento. E por quê? Porque somente o próprio
indivíduo é capaz de avaliar tudo o que se passa em seu íntimo: o que lhe dói,
o que lhe faz duvidar e sofrer, bem como o que lhe agrada e preenche o coração.
Se muitas
vezes sentimos que as pessoas que nos cercam são incapazes de nos compreender e
nos julgar adequadamente, como é que poderemos ser juízes imparciais das razões
alheias? Assim, ao analisarmos alguém, é imprescindível ponderarmos que o seu
comportamento é compatível com tudo aquilo que ele conseguiu aprender como
sendo o mais correto e adequado, mesmo que a nós possa parecer completamente
errado e inconveniente.
E o mais
interessante é que, quando criticamos negativamente alguém, estamos nos
obrigando a nos comportar de maneira diferente, a fim de não “errarmos” naquilo
que temos por inconveniente no outro. Com isso, nos determinamos a viver em
nível mais alto e a fazer coisa melhor.
Porém, se
procurarmos agir de maneira mais empática e compreensiva, muitas ideias
preconceituosas se afastarão de nossa mente. Ao deixarmos de sentir certo
prazer em ficar avaliando o comportamento alheio, e, igualmente, comentando-o
com as outras pessoas, não mais nos atormentaremos com suas imperfeições de
caráter, aceitando o fato de que cada criatura oferece, tão somente, aquilo que
tem, e realiza aquilo que sabe, como consequência do grau de maturidade e
evolução que já conseguiu alcançar.
Contudo, a
constatação dessa realidade não tem a finalidade de nos tornar superiores aos
demais. Nós também, em virtude das limitações e dificuldades que ainda
carregamos, apenas expressamos e proporcionamos aos demais tudo aquilo que o
nosso grau evolutivo nos permite. Por conta disso, será que não estamos também
deixando a desejar em muitas de nossas atitudes, decepcionando ou entristecendo
aqueles que conosco convivem? Reflitamos sobre isso!
Existe um
pensamento atribuído a Madre Tereza de Calcutá que reza: “Se você julga as
pessoas, não tem tempo de amá-las”.
Fonte: http://www.aluzdoespiritismo.com.br/teste/artigos/ler.php?texto=62
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